Relato de um Agroecólogo no Complexo do Alemão

Imaginem que há um Grupo de Agroecologia promovendo um novo mundo numa das favelas mais perigosa e conhecida do mundo – o Complexo do Alemão. Lá habita um grande mestre conhecido como Poeta, compartilho convosco suas palavras de um dia cotidiano.

28/11/2010 – Dia da invasão no Complexo do alemão. Acabou a paz na comunidade verdejante do Engenho da rainha.

Olá manas e manos Complexos-misericódinanos, como vão? Ternas saudações Verdejantes!

Aqui na comunidade Sergio Silva o dia de domingo começou tenso com a invasão semdo mostrada pela tv. Mudei minha rotina e não fui a feira como de costume. fiquei hipinotisado pelo veiculo midiatico por quase 2h, mudei de canal a assisti o fim de um programa de musica caipira que sempre assisto, depois ligui o radio , arrumei a casa e escrevi um pouco. recebi uma ligação da França, Eduardo e Mariana querendo informações sobre a situação aqui, recebi depois um telefonema muito curioso um camarada reporte que trabalha com tv e não tem o dito aparelho em casa, já eram 12h e ele ainda não sabia da invasão fez muitos protestos e até denuncias, pricipalmente a de que 180 policiais esonerados foram reeincorporados para atuarem nesta “guerra” .

O dia corria tranquilo por aqui, até aproveitei para decenssar tirando umas soenecas antes e depois do almoço, as crianças da comunidade até queriam trabalhar na horta falei que tava perigoso. depois das 15h trabalhei um pouco, juntei folhas organisei a composteira, peneirei terra e fiz cinco mudas de cacau. 17h sentei em frente a tv para assistir o jogo do meu flusão quase campeão. O pimeiro tempo a tensão foi só do jogo, no intervalo arrumei meu prato e iniciei o segundo tempo degustando o meu jantar, neste momento dois elicópteros já rodavam e davam rasantes sobre a comunidade e a área verde, por volta de 17h e 30 min. a bala comeu, minha filha que tava fora da comunidade ( mas bem pertinho) ouvindo os estrondos me telefonou apavorada, tá vendo não falei pra sair dai! EU falei tá tranquilo to deitado no chão comendo igual a um porco gordo e tentando assistir o jogo. ela ainda disse, tá vendo vc não quis acreditar no que o policial me disse quando eu ,saia da comunidade, que estava saindo na hora certa, porque ai ter combate aqui hoje. o tiroteio durou por 15min. tipo no s.a.f e na comunidade eu tava cercado. os helicopteros cotinuaram rondando até a noite.

Após o fim do jogo (de futebol) 19h saí molhei a horta com as maquinas “avuantes” rodando e dando rasantes qundo fazia uma capina seletiva ouvi um psiú olhei pra trás era um policial proximo de mim e um monte deles mais a trás, ele me perguntou, viu alguém passar correndo por aqui? Falei, não porque na hora do tiroteio eu tava deitado no chão da minha casa. o meu cachorrão Gabundo ainda deu uma lambida na cara de um deles que estava agaichado. peguei o meu regadorzinho e vazei pra dentro de casa bem no momento em que um deles me disia vai pra casa, falei é exatamante isto que estou fazendo. Não vi se entraram na minha casa que estava com a porta abeta e o radio ligado, mas se entraram viram logo de cara muita semente e dois cachos de bananas. eles adentraram a comunidade onde ainda houve uns poucos tiros. Ufá tranquei meus cães comigo dentro da minha casinha fiquei quietinho, o visinho veio pergntar se tava tudo bém, falei agora tá.

Luiz Poeta.

Minha poesia grita desde:

1997

Verdejar

Morar em Piabas

Quando será

A serra é quem clama

Misericórdia!

Porém entre balas e fumaças

Zona norte Rio

A serra se lança no maior desafio

Verdejar já

Já te amo Serra da Misericórdia!

Te amo!

O seu verde precisa verdejar

Esta redondeza sem paz

Pálida e poluída

Te amo serra da misericórdia

Te amo!

Penha, Inhaúma, Olaria, complexo do Alemão, Ramos e Bonsucesso, Engenho da Rainha Tomas Coelho, Vicente de Carvalho, Vila Cosmos, Vila da Penha e penha Circular

Circundam a Serra da Misericórdia

Te amo serra da misericórdia!

Te amo!

O seu verde precisa verdejar

Esta redondeza sem paz

Pálida e poluída.

Te amo Serra da Misericórdia!!

Te amo!!!

1998 BALA TÁ BARATA (S.O.S SERRA DA MISERICÓRDIA)

Hó pai me ajudai a serra verdejai

não deixai jamais que concretai

Hó pai me ajudai a serra pacificai

não deixai jamais que violentai…

Tá, tá, tá pá púm tá tá tá pá púm pá púm

bala tá barata tá tá tá

bala tá barata tá tá tá

bala ta baratátaá

paz e amor eu peço por favor

pelo nosso senhor

por esse lamento não me diga não

seja Juramento ou Complexo do alemão

Engenho da Rainha ou Serrinha

Urubu ou Fazendinha

pelo nosso senhor eu peço por favor

paz e amor!

eu sei não somos eternos

mais queremos viver

sem as arvores e os rios

não teremos ar pra respirar

nem água pra beber

sem amor e paz

não haverá bons tempos para se viver

cuidemos da vida e não vamos morrer

que não seja sonhar demais

a paz entre humanos e humanos

humanos e vegetais

humanos e minerais

e humanos e demais animais.

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One Response to “Relato de um Agroecólogo no Complexo do Alemão”

  1. […] This post was mentioned on Twitter by Thiago Skárnio, Teia Sul. Teia Sul said: Relato de um Agroecólogo no Complexo do Alemão http://ff.im/-uyk2y […]

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